Algumas semanas atrás eu estava em São Paulo a negócios e aproveitei os dois dias para correr no local que considero minha base, minha casa como corredor, o Parque do Ibirapuera. É claro que fiz de tudo para que isso se viabilizasse: desta vez me hospedei em um hotel perto do parque – 1,5 km, pouco mais distante do que era quando morava aqui, também pertinho do hotel – e planejei a agenda para que tudo se encaixasse de forma a me permitir correr nos dois dias. Foram então 10 km na quinta-feira e mais 10 km hoje.
O parque continua exuberante, magistral, magnífico, energizante… E tudo o mais que você imaginar de bom. De fato, o Ibirapuera é muito bem cuidado e mantido, já que os usuários, em sua imensa maioria zelam para que o local continue sendo um santuário de paz e relaxamento encravado no centro de uma cidade como São Paulo. E a Secretaria do Verde e Meio Ambiente de São Paulo, responsável pela conservação dos parques da cidade, dá muita atenção ao Ibirapuera, assunto que já foi alvo de polêmica no passado. Então, faltam adjetivos para descrever o Parque do Ibirapuera.
Algumas coisas mudam, como o eucalipto que, presumo, deva ter caído ou foi preventivamente derrubado e transformado pelo pessoal de manutenção e conservação num imenso e belo banco.
Muitas coisas, porém, não mudam. Aliás, a maior parte das coisas nada muda. As alamedas, as trilhas dos corredores, os vendedores, sempre os mesmos nos mesmos lugares, os prédios que dele fazem parte como o Pavilhão da Bienal e o Planetário. Há também o que precisa mudar – houve a construção do auditório, que estava no projeto original, a reforma da entrada da Av. IV Centenário e outras coisas aqui e acolá. Mas a essência do parque permanece. E isso é o que importa.
Mas também entre as coisas que não mudam está o treinador Marcos Paulo Reis. Em uma das manhãs em que lá estive, eu o encontrei e fiz questão de parar e conversar dois minutinhos com ele, porque afinal eu estava correndo e ele… Bem ele estava sendo o Marcos Paulo, como sempre. Nada mudou, ele sempre dando atenção a seu interlocutor mas prestando atenção em tudo e todos os atletas de sua equipe que estiverem por perto (e muitas vezes nem tão perto assim – quando ele usa aquela voz que se você estiver do lado dele fica surdo uns 5 minutos).
Falamos de tudo, minha vida em Ribeirão Preto, família, Pedro, o filho dele… Ele falou admirado sobre o fato de eu não mudar. Confesso que fiquei lisonjeado, mas saí dali sentindo que faltou falar um monte de coisas. Falou perguntar a ele sobre a filha mais nova dele, sobre a equipe, sobre os atletas. Mas principalmente faltou falar que ele também não muda. O Marcos Paulo é um dos precursores (se não for o precursor) de tudo o que a gente vê no Brasil todo nas equipes de treinamento de corrida e triathlon. Se você treina hoje em uma equipe de corrida saiba que talvez a sua equipe exista porque um cara chamado Marcos Paulo Reis inventou isso. Por tudo isso que descrevi aqui acho que agora falei tudo o que faltou falar ali, na hora, mas não deu tempo…
Valeu Marcão!